Conversas Imperdveis:

 

Quem não gosta de conversar? falar sobre a vida, sobre os sonhos, as novidades que permeiam nosso cotidiano. Sim, é necessário e faz parte de quem nós somos, compartilharmos aquilo que pensamos e sentimos. Melhor ainda é poder partilhar sobre as coisas boas com quem amamos. As vezes nas frases mais curtas, as vezes nos mínimos detalhes. Não importa, é bom demais conversar com quem escolhemos trilhar um caminho de namoro ou noivado rumo ao matrimônio. Dentro de um relacionamento isso se torna essencial para o crescimento e o conhecimento do casal. Só amamos quando conhecemos com quem estamos nos relacionando. E um dos principais passos para se conhecer, é o diálogo sincero entre ambos. Mas e quando a conversa me incomoda? E quando o assunto me parece gerar um desconforto? Fugir, fingir ou partilhar?

Saber lidar com opiniões divergentes e pontos de vista opostos faz parte de um relacionamento maduro e sincero na vontade de Deus. Porém lidar com isso, não significa anular-se e fingir que está tudo bem, ou seja, o “deixa pra lá”. O incômodo faz parte de um relacionamento saudável, e expressar isso é expressar quem você é. Quando abafamos nossos incômodos, tiramos a oportunidade com que o outro nos conheça e também com que cresçamos juntos. Das coisas mais simples até as coisas para nós que são inadmissíveis. Partilhar o belo e o agradável é importante sim, mas partilhar o que eu não gosto, isso sim é desafiador. Troquemos o deixa pra lá pela coragem de poder colocar aquilo que nos incomoda dentro do relacionamento.

Cristo, ao encontrar com cada pessoa na Sagrada Escritura, realizava uma experiência de amor. Amor esse onde se fazia conhecer o outro, mas principalmente acolher as dores e as misérias de quem o encontrava. Hoje o caminho para uma vida matrimonial concreta e sincera precisa ter como princípio o acolhimento da pessoa com quem queremos partilhar a nossa história. Cada um de nós traz consigo uma criação que perpassa os aspectos humanos, espirituais e sociais e que por vezes vem com marcas e traumas de uma história de vida. Abrir isso num relacionamento gera certos incômodos, porém que são necessários para um relacionamento se solidificar. Contudo, há uma forma e um tempo de se colocar cada coisa. O casal, na intimidade que vai se criando um com o outro, percebe-se juntos o tempo de se colocar cada realidade. Por vezes, aquilo que eram os incômodos no início do namoro, não são mais os incômodos de um tempo de noivado, pois o conhecimento se torna cada vez mais profundo e real. E às vezes alguns assuntos irão gerar sempre alguma discordância mas que isso não pode ser maior do que o desejo de construir um namoro e um noivado santo.

Não olhemos o nosso relacionamento como uma disputa para ver quem está certo ou errado. Saibamos exercer a virtude da humildade com o outro e deixar com que naquela hora onde a conversa está a ponto de desandar ou de partir para uma discussão, saber ouvir, silenciar, escutar e amar. Há beleza na partilha de vida, na conversa ,mesmo com visões diferentes, no aconchego de um sorriso ou na seriedade de uma conversa. A vocação matrimonial precisa ser cultivada sempre, no sim e na conversa de cada dia.

 

Iuri Lorenço – Consagrado da Comunidade Católica dom de Deus.

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