Ficando sério
Uma senhora casada há 53 anos, descreveu o tempo do namoro como um tempo de muita leveza e romantismo. Uma fase maravilhosa. É um tempo marcado por muitos bilhetes de amor, flores, presentes e surpresas. De fato, o namoro é a fase de enamorar-se e conquistar a pessoa amada. Colocamos nossas melhores roupas, abrimos nosso melhor sorriso, escondemos os nossos defeitos e nos tornamos as pessoas mais simpáticas do mundo! Queremos ser e mostrar a nossa “melhor versão”.
Entretanto, o namoro não tem um fim em si mesmo, ele antecede o noivado e o matrimônio. Por isso, sua real finalidade não exclui o romantismo, a leveza, o primeiro amor e a conquista da pessoa amada, mas vai além disso. A finalidade do namoro cristão é preparar para o matrimônio. Enquanto católicos, cremos que a finalidade do matrimônio é formar família e a finalidade da família é ser família no Céu. É necessário ter em mente que o matrimônio é uma vocação, e, como vocação, é preciso ser levada com seriedade e maturidade. É um compromisso firmado diante de Deus e diante da Igreja e exige de nós uma boa preparação que começa já no namoro.
Conscientes do que é o tempo do namoro, entendemos que o relacionamento amoroso precisa amadurecer e tornar-se mais sério. Por mais que queiramos mostrar a nossa “melhor versão” é imprescindível mostrar ao outro quem se é de fato. Nossas dificuldades, egoísmos, piores defeitos… mostrar a nossa verdade! Conhecer o outro e deixar-se conhecer não é uma tarefa fácil e nem se realiza de uma hora para outra, é por esse motivo que, à medida que vamos ganhando intimidade e o nosso relacionamento vai ficando mais sério, precisamos que o conhecimento que temos do outro também se aprofunde, afinal, não podemos casar com quem não conhecemos.
Em vista disso, para que meu relacionamento amoroso amadureça, é preciso deixar de lado alguns receios e inseguranças e partilhar da vida com meu namorado(a). Conviver com as famílias um do outro, perceber diferenças de costumes e criação, conversar sobre a sua família, falar das experiências vivida, sobre a infância e a adolescência, falar sobre seus sonhos, seus planos para o futuro, sobre valores inegociáveis, ouvir a história do outro, perceber se o outro deseja o mesmo, se partilham da mesma fé, conhecer as diferenças, aquilo que é difícil de lidar… É importante perceber nesse tempo, que o trato com meu namorado(a) não deve ser igual ao trato com os meus amigos, precisamos ir mais fundo! Afinal, aquela é a pessoa que possivelmente passará o resto da vida comigo! É interessante ressaltar, que esse tempo não precisa ser um tempo pesado. Costuma ser nessa fase, em que já ganhamos mais intimidade, que partilhamos sobre histórias engraçadas que no início do namoro tínhamos vergonha de partilhar.
Aos poucos, passa-se a fase do início do namoro, onde tudo são flores e onde somos perfeitos. E que bom que passa! Como percebemos, o namoro é uma fase passageira e precisa ir amadurecendo para tornar-se um relacionamento mais sólido e dar passos. Aos poucos vamos percebendo as misérias um do outro, o amor vai crescendo e tornando-se mais consistente, a intimidade aumenta e, com isso, vamos nos tornando mais livres na presença do amado. Já não é mais o tempo de viver um amor superficial, mas mergulhar no profundo de nós mesmos a luz de Cristo e aprender a viver a dois. Deus é a fonte de todo o amor, é preciso que Ele nos ensine a amar. Jesus Cristo precisa ser o centro de cada relacionamento, caso contrário, sem Cristo para onde irá o nosso namoro? Será que cumprirá o objetivo desejado? Será possível viver a castidade? É importante que o casal possa estar em unidade com Deus, tenham uma vida de oração juntos para discernir com Ele o que deve ser feito do seu relacionamento, sem medo de dar passos.
Manuela Cury – Discípula da Comunidade Católica dom de Deus