Abraçar o Mundo: Misericórdia e Missão

Existe um vínculo estreito entre a misericórdia e a missão. Como recordava São João Paulo II: «A Igreja vive uma existência autêntica quando professa e proclama a misericórdia e aproxima os homens das fontes da misericórdia». Como cristãos temos a responsabilidade de ser missionários do Evangelho. Quando algo de bom nos acontece, ou vivemos uma boa experiencia, é natural que sintamos a exigência de partilhá-la com os outros. Sentimos dentro de nós que não podemos conter a alegria que nos foi doada: queremos compartilhá-la. A alegria suscitada é tal que nos impele a comunicá-la.

Logo, assim que deve ser quando nos encontramos com o Senhor: a alegria deste encontro, da sua misericórdia, comunicar a misericórdia do Senhor. Aliás, o sinal concreto de que nos encontramos realmente com Jesus é a alegria que sentimos ao comunicá-la também aos outros. E isto é oferecer um dom: dou-te o que me dá alegria. Encontrar com Jesus equivale a encontrar o seu amor. Este amor transforma-nos e torna-nos capazes de transmitir aos outros a força que nos doa. A partir do nosso batismo, nos tornamos portadores de Cristo, e assim, devemos agir como portadores da alegria de Cristo, da misericórdia de Cristo!

A misericórdia que recebemos do Pai não nos é dada como uma consolação individual, mas torna-nos instrumentos a fim de que também outros possam receber o mesmo dom. Há uma circularidade admirável entre a misericórdia e a missão. Viver de misericórdia torna-nos missionários da misericórdia, e ser missionários permite-nos crescer cada vez mais na misericórdia de Deus. Portanto, levemos a sério o nosso “ser cristão”, comprometendo-nos a viver como crentes, porque só assim o Evangelho pode comover o coração das pessoas e abri-lo para receber a graça do amor, para receber esta grande misericórdia de Deus que acolhe a todos.

Jesus Ressuscitado transmitiu à sua Igreja, como primeira tarefa, a sua missão de levar a todos o anúncio do perdão. Esta é a primeira tarefa: anunciar o perdão. Este sinal visível da sua misericórdia traz consigo a paz do coração e a alegria do encontro renovado com o Senhor.

A misericórdia deixa-se perceber como uma verdadeira forma de conhecimento. Sabemos que se conhece através de muitas formas. Conhece-se através dos sentidos, da intuição, da razão e ainda de muitas outras formas. Pois bem, pode-se conhecer também através da experiência da misericórdia, porque a misericórdia abre a porta da mente para compreender melhor o mistério de Deus e da nossa existência pessoal. A misericórdia faz-nos compreender que a violência, o rancor, a vingança não tem sentido algum, e a primeira vítima é quem vive estes sentimentos, porque se priva da própria dignidade. A misericórdia abre também a porta do coração e permite expressar a proximidade sobretudo a quantos estão sozinhos e marginalizados, porque os faz sentir irmãos e filhos de um só Pai. Ela favorece o reconhecimento de quantos têm necessidade de consolação e faz encontrar palavras adequadas para dar conforto.

Em síntese, a misericórdia compromete todos a serem instrumentos de justiça, de reconciliação e de paz. Nunca esqueçamos que a misericórdia é o remate na vida de fé e a forma concreta com a qual damos visibilidade à ressurreição de Jesus.

 

Referências:

1 –  Carta Encíclica Dives in Misericordia do Sumo Pontífice João Paulo II sobre a Misericórdia Divina.

2 – Audiência Jubilar 30/01/2016. Papa Francisco.

3 – Regina Coeli 23/04/2017. Papa Francisco

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