Liturgia e Vida: Solenidade de todos os Santos

A solenidade de todos os santos no Brasil, assim como a de São Pedro e São Paulo, é transferida para o domingo seguinte para que todos os fiéis possam celebrá-la. Tal devoção iniciou-se na Igreja do Oriente por volta do século III e na Igreja de Roma pelo século IV. Num primeiro momento, a celebração ocorria no dia 13 de maio – data na qual o Papa Bonifácio IV transformou um templo dedicado aos deuses pagãos do Olimpo em uma Igreja em honra à Nossa Senhora e todos os Santos. Contudo, o Papa Gregório VI fixou e estendeu a toda a Igreja o dia 1° de novembro como o oficial dessa comemoração, fato que só foi decretado no século XV pelo Papa Xisto IV.

Essa celebração une a Igreja Militante (nós, que caminhamos nessa Terra) à Igreja Triunfante (todos que alcançaram a glória do Céu), e assim enche de sentido a memória dos fiéis defuntos, recordada no dia seguinte. É um dia de pensar em todos os que contemplam a glória celeste, canonizados ou não, conhecidos ou não: pensamos em todos os homens e mulheres de boa vontade que nessa terra viveram a vontade de Deus.

A data conduz-nos a duas lembranças: a de que nós também somos chamados a sermos santos e a de que podemos contar com a intercessão desses fiéis para ajudar na nossa caminhada.

O chamado à santidade, feito por Deus, é universal: independente de nossas vocações específicas, estados de vida, profissões e posições sociais somos chamados a mesma. O próprio Jesus nos diz para sermos perfeitos como o Pai Celeste é Perfeito (cf. Mt 5,48), e nos indica o caminho pelas bem-aventuranças: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7). Felizes somos nós quando nas atividades cotidianas aprendemos, impulsionados pelo Espírito Santo, a sermos justos, puros de coração, humildes e a sofrer pelo Reino, afinal, toda santidade também passa pelo Calvário da renúncia à própria vontade.

A intercessão dos Santos é também para nós um dom de Deus. Para compreender como ela não se contradiz a existência de Jesus como único mediador entre os homens e Deus, devemos compreender a dimensão de Igreja e como ela é constituída. São Paulo nos diz que: “Ele é a cabeça da Igreja que é seu corpo”(Cl 1, 18), ou seja, nós e os bem-aventurados participando do corpo de Cristo que é a Igreja, somos também mediadores.

“Em resumo os santos devem amar as almas tal como Jesus ama, e o amor que os Santos do céu têm pelas almas do purgatório e pelas almas da terra não é um amor passivo. Os Santos estão ansiosos por ajudar essas almas cujo valor infinito estão agora em condições de apreciar como antes não podiam a caminhar para a glória. E se a oração de um homem bom na terra pode mover o coração de Deus, como não será a força das orações que os santos oferecem por nós! Eles são os heróis de Deus, seus amigos íntimos, seus familiares.” (n. 956)

<< Porque os bem-aventurados, estando mais intimamente com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade (…), não cessam de interceder, por Ele, com Ele e nEle, a nosso favor, diante do Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra, graças ao mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo (…). A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude de irmãos >> (Encíclica Lumen Gentium, n° 49).

Referências:

AQUINO, Felipe. A celebração da festa de todos os santos. Disponível em: < https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/a-celebracao-da-festa-de-todos-os-santos/>

SHALOM, Comunidade Católica. A solenidade de todos os Santos. Publicado em Nov 2014. Disponível em <https://www.comshalom.org/solenidade-de-todos-os-santos/>

SHALOM, Comunidade Católica. Todos os Santos: origem e sentido. Disponível em: <https://www.comshalom.org/todos-os-santos/>

SHALOM, Comunidade Católica. Origem do dia de todos os Santos. Disponível em <https://www.comshalom.org/origem-do-dia-de-todos-os-santos/>

TRESSE, Leo J., A fé explicada, ed. Quadrante, SP, 14 ed., 2015, pp. 159-160.

Julia Klopper e Eduardo Falcão, membros da Comunidade dom de Deus.