Liturgia e Vida: A Assunção da Virgem Maria

Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial.”   [1]

 

 

 

A Santíssima e sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, no término de sua vida terrena foi elevada ao céu de corpo e alma; por força divina e não por força própria. A Assunção da Virgem Mãe, assim dada a nomenclatura, é para o povo cristão a realização da sua esperança na bem-aventurança, pois a pessoa da Imaculada é o protótipo do ser humano salvo e ícone escatológico da Igreja.

Para entender esses prolegômenos é necessário antes evidenciar o que é um dogma, isto é, uma verdade sempre crida pela Igreja, atestada nas Sagradas Escrituras, na Tradição Primitiva, nos Santos Padres e em toda a história da Igreja. Essa verdade é promulgada solenemente pelo Santo Padre, o Papa, como uma verdade de fé que não deve ser opcional ao católico, mas crida por obrigação magisterial, pois o dogma não se torna verdade quando é proclamado, mas a sua proclamação atesta que a Santa Igreja de Deus sempre acreditou nesse dado, mas, por vários fatores, no tempo presente a Igreja resolveu defini-lo como crença obrigatória para todo cristão católico. Isso é um dogma!

Em se tratando da Santíssima Virgem Maria, a Igreja, até o presente momento, proclama quatro dogmas que evidenciam a sua importância na História de Salvação do Povo de Deus e assegura a legitimidade dos dogmas também referente a Jesus Cristo, pois todos os dogmas referentes a Virgem Maria são correlacionados aos méritos de Jesus Cristo, ou seja, Maria só recebe crédito em algum aspecto por mérito de seu Filho e os méritos de seu Filho são compreendidos melhor à luz do entendimento dos Dogmas Marianos.

Para esmiuçar melhor esse raciocínio, podemos falar sobre o dogma da Maternidade Divina, definido em 431, no Concílio de Éfeso. A grande discussão desse Concílio era quanto a natureza de Jesus Cristo, ou seja, Jesus tinha assumido de fato a natureza humana ou era algo aparente? Mas, ao definir que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que assumiu sem confusão ou mistura a natureza humana, sem deixar de ser Deus, automaticamente se concluiu que Maria é Mãe do Deus feito homem, ou seja, na definição sobre algo relativo a Jesus Cristo, tocamos em algo sobre Maria. Porque Ele é Deus feito homem e, sendo ela quem deu à luz a esse Homem-Deus, logo, ela é Mãe de Deus!

Essa introdução serve igualmente para falar sobre o dogma da Assunção gloriosa da Santíssima Virgem Maria, pois poderíamos nos perguntar: por que Maria foi elevada ao céu no término de sua vida terrena? Não era ela igual a nós em tudo? A resposta para esse dogma não está nele mesmo, mas em outro dogma sobre a Virgem Maria, o dogma da Imaculada Conceição.[2]

O dogma da Imaculada Conceição nos dirá que Maria, pelos méritos de seu Filho, ou seja, por causa de Jesus Cristo, foi preservada do Pecado Original e não nasceu com ele, e ainda, não teve qualquer outro pecado durante sua vida, pois a morada do Altíssimo na terra, o tabernáculo do Amor humanado deveria ser puro, intocado, sem a macha do pecado, como também atestado pela proclamação do dogma da Virgindade Perpétua da Santíssima Virgem Maria que, permaneceu Virgem antes, durante e depois do parto, pois o receptáculo santíssimo de Deus não poderia conhecer qualquer ser que fosse menor que Ele mesmo.

Seguindo uma lógica bíblica de que a corrupção da carne ou a morte é salário do pecado[3], a Virgem Maria não precisaria passar por essa corrupção, uma vez que nunca experimentou o pecado. Por isso, ao término de sua vida terrena foi elevada ao céu não somente sua alma, mas também seu corpo. Desse modo, vemos que Maria só pôde ser assunta ao céu, porque antes foi Imaculada.

Por fim, Maria Santíssima assunta ao céu, é o ícone escatológico da Igreja, ou seja, na pessoa de Maria aconteceu, como uma grande amostra, aquilo que Deus fará com toda a humanidade fiel no final dos tempos. O que assim procedeu com Maria, a elevação de seu corpo ao céu para ser um corpo glorioso, juntamente com sua alma, é o que toda a Igreja espera ansiosamente, no dia de sua redenção final. A Santíssima Virgem, portanto, é sinal para todo o povo Cristão do amor incondicional de Deus que não decepciona sua esperança n’Ele e em Sua Palavra de Salvação.

 

Joubert Vasconcellos Gonçalves (seminarista do Seminário São José na Arquidiocese de Niterói e discípulo da Comunidade dom de Deus)

 

[1] Cf. Bula Munificentissumus Deus, Papa Pio XII, Definição do Dogma da Assunção da Virgem Maria ao céu de corpo e alma, nº 44, 1º de novembro de 1950.

[2] Cf. Bula Ineffabilis Deus, Papa Pio IX, definição do dogma da Imaculada Conceição da bem-aventurada Virgem Maria, 8 de dezembro de 1854.

[3] Cf. Rm 6,23

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