A missão da feminilidade cristã

“Seu coração de mulher é a coisa mais importante a seu respeito. (…) Independentemente do que signifique levar a imagem de Deus, você o faz como mulher. Fêmea. Assim é como e onde você leva a imagem de Deus. Seu coração feminino foi criado com a maior de todas as distinções possíveis — como um reflexo do próprio coração de Deus” (ELDREDGE, 2007).

A feminilidade faz parte da identidade da mulher, assim como a masculinidade para os homens, comportando o seu modo de ser, pensar e agir. Contudo, o feminismo, movimento iniciado na década de 1960, tem levado as mulheres a buscarem igualdade entre os sexos, anulando as características femininas, para que a mulher possa conquistar uma posição de mais destaque na sociedade.

É verdade que muitas vezes a mulher foi – e ainda é – depreciada em relação ao homem, mas também é verdade que a mulher não conquista seu espaço de mulher se abominar suas características femininas, aquilo que é próprio da sua natureza.

“Ora, ao desejarem se tornar como homens, as feministas inconscientemente admitem a superioridade do sexo masculino. Elas insensatamente preferem alterar a desigualdade a buscar a verdade ou a justiça” (HILDERBRAND, 2014, p. 19).

Reconhecendo o seu papel e sua dignidade, a mulher pode fazer muito mais do que ao tentar anular sua feminilidade.

O chamado à feminilidade

A narração de Gênesis 2, 18 revela que “O Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar que lhe seja adequada’”. Ao criar a mulher, Deus a chamava a ser uma auxiliar para o homem. A palavra auxiliar comumente é tida como algo negativo, mas é preciso compreender a beleza deste chamado.

Segundo a origem hebraica da palavra, ser auxiliar é ser “socorro de Deus”. A mulher é chamada a socorrer o homem em suas necessidades espirituais, psicológicas, físicas, entre outras.

Outra palavra que costuma assustar é “submissão”. Ser submissa, conforme a vontade de Deus, não é ser inferior, mas ser suporte, auxiliar a missão do homem.

A mulher traz em si características próprias que a permitem ser sensível às necessidades do outro, possui a capacidade de superar dificuldades, motivar, ter empatia, possui mais inclinação a lidar com sentimentos e emoções e etc. Essas características favorecem sua relação e seu poder de instruir o homem, a família, a sociedade.

A missão da mulher se dá em favor da humanidade, mas a forma como ela usa sua feminilidade tem “o poder de construir o homem, assim como de destruí-lo” (SOARES, 2014). Ao responder ao seu desejo natural de amar e servir a Deus, elevando-se a Ele, eleva também o homem. Mas, se ela se volta contra Deus, também tem o poder de levar o outro a afastar-se do seu plano original.

A vivência coerente da feminilidade cristã permite à mulher cooperar na construção de um homem novo, uma sociedade nova, conduzindo-os a Deus.

O dom da receptividade

À mulher foi dado o dom de aceitar receber algo de alguém. Toda criatura possui esta capacidade, mas a mulher possui mais facilidade em ser receptiva. A sua receptividade favorece sua abertura a Deus e auxilia a manutenção da fé no mundo, Segundo Hilderbrand (2014, p. 78), “enquanto as mulheres se mantiverem fiéis a seu chamado ‘religioso’, o mundo será salvo”. Assim como Maria, que deu seu sim a Deus e tornou-se receptáculo daquele que nem todo o universo pode conter, o sexo feminino possui esta capacidade de trazer Deus ao mundo.

Ser receptiva também confere sacralidade ao corpo da mulher, pois, ao gerar um novo ser, “Deus cria a alma da nova criança no corpo dela. Isso implica um ‘contato’ direto entre Ele e a futura mãe” (HILDERBRAND, 2014, p. 101).

A medida da dignidade

São João Paulo II (2008, p. 107) afirma que “a dignidade da mulher está intimamente ligada com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa”. A mulher é onde o amor encontra “um terreno para deitar a sua primeira raiz” (2008, p. 105), pois, não apenas como esposa, mas de modo geral, a feminilidade confere à mulher, em suas relações interpessoais, a capacidade de receber amor e, sabendo-se amada, doar-se aos outros. Nesta vivência do amor-doação é que se torna possível reconhecer sua identidade e revelar sua dignidade.

Referindo-se ao encontro de Jesus com a samaritana, São João Paulo II (2008, p. 113) afirma a estima que Cristo tem pela dignidade e missão de cada mulher que “pode descobrir o significado completo da sua feminilidade e dispor-se desse modo ao ‘dom sincero de si mesma’ aos outros, e assim ‘encontrar-se’”.


Complementariedade e imagem de Deus

A distinção entre masculinidade e feminilidade permite que homem e mulher possam viver a beleza da complementariedade. A existência das diferenças entre eles possibilita a geração de vida, não apenas no campo biológico. Ser imagem e semelhança de Deus passa pela compreensão da identidade de ser homem e ser mulher e, por serem complementares, ambos se auxiliam neste processo.

“Uma mulher na presença de um bom homem, de um homem de verdade, adora ser mulher. A força desse homem permite que o coração feminino da mulher floresça. Sua busca faz aflorar a beleza dela. E um homem na presença de uma mulher de verdade adora ser homem. A beleza dessa mulher o instiga a agir como homem, faz aflorar sua força. Ela o inspira a ser um herói” (ELDREDGE, 2007).

 

O modelo de mulher cristã

Maria é o modelo perfeito de feminilidade, pois manifestou, através de sua receptividade, a perfeição do ser filha, ser mulher, ser esposa e ser mãe, acolhendo a vontade de Deus (Lc 1, 38) e ensinando a fazer sempre o que Cristo nos pede (Jo 2, 5).

A mulher segundo o coração de Deus, assim como Maria, sabe escutar a voz do Senhor, possui um coração generoso e disposto a trazer Deus ao mundo e, por isso, se dispõe a ser socorro de Deus; suporte, submissa à missão do homem e construtora da humanidade.

Que cada mulher, pela intercessão de Nossa Senhora, possa descobrir a beleza que se revela em sua feminilidade e a viva como missão e dom de Deus para o mundo.

Giselle Estupinhã – discípula da Com. Católica dom de Deus

Referências

ELDREDGE, John; Stasi. Em busca da alma feminina: resgatando a essência e o encanto de ser mulher. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.
HILDERBRAND, Alice Von. O privilégio de ser mulher. Campinas: Ecclesiae, 2014.
JOÃO PAULO II, Carta Apostólica A dignidade e a vocação da mulher (15 de agosto de 1988).
SOARES, Fernanda. A mulher segundo o coração de Deus. São Paulo: Canção Nova, 2014.

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