Liturgia e Vida: Quaresma

Quaresma é tempo de preparação para a celebração da Páscoa; da páscoa de Cristo e dos cristãos. A Liturgia quaresmal, as homilias, a catequese e a formação permanente dos cristãos, enfim, toda a ação da Igreja neste tempo deve convergir para o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. A Quaresma é um tempo favorável de conversão e de mudança interior, tempo de deixar tudo o que é velho em nós para vivermos uma vida nova em Cristo. Tempo de graça e salvação, em que nos preparamos para viver, de maneira intensa, livre e amorosa, o momento mais importante do Ano Litúrgico e da História da Salvação: a Páscoa, aliança definitiva, vitória sobre o pecado, a escravidão e a morte.

A espiritualidade da quaresma é caracterizada também por uma atenta, profunda e prolongada escuta da Palavra de Deus. É essa Palavra que ilumina a vida e chama à conversão, infundindo confiança na misericórdia de Deus. O confronto com o Evangelho ajuda a perceber o mal, o pecado, na perspectiva da Aliança, isto é, a misteriosa relação nupcial de amor entre Deus e o seu povo, motivo para atitudes de partilha do amor misericordioso e da alegria do Pai com os irmãos que voltam convertidos.

Como membro do corpo de Cristo, que é a Igreja, somos convidados a percorrer com Ele o caminho do deserto, o caminho rumo a Jerusalém, como o povo de Israel rumo à Terra Prometida. É um caminho de êxodo (saída), de passagem (páscoa).

O Concílio Vaticano II pede:

Tanto na liturgia como na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal. Por isso:

 

  1. Utilizem-se com mais abundância os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal. Segundo as circunstâncias, restaurem-se certos elementos da tradição
  2. O mesmo diga-se dos elementos penitenciais. Quanto à catequese, seja inculcada na alma dos fiéis, juntamente com as consequências sociais do pecado, a natureza própria da penitência que detesta o pecado como ofensa feita a Deus. Na ação penitencial não se omita a participação da Igreja nem se deixe de urgir a oração pelos pecadores” (SC 109).

Trata-se, portanto, de um caminho interior, caminho de penitência, de transformação no seguimento de Cristo.

Temos a experiência do deserto, onde céu e terra estão próximos, onde Deus e o homem podem encontrar-se. Eis a pobreza do ser humano, sua condição de criatura, levado a reconhecer que tudo o que é provém de Deus. A experiência da nudez do deserto leva o ser humano a colocar sua confiança e a sua segurança em Deus. O ser humano é chamado a converter-se, a voltar-se para Deus, a colocar toda a sua segurança em Deus.

As práticas quaresmais:

 

Oração: A oração é o combustível para todo aquele que deseja seguir os passos de Jesus

A penitência: A penitência é uma proposta para esse tempo que leva a depender da graça de Deus.

A Caridade: Trata-se da caridade fraterna. Este tempo santo deve abrir nosso coração para os irmãos: esmola, capacidade de ajudar, visitar os doentes, aprender a escutar os outros, reconciliar-se com alguém de quem estamos afastados

A meditação da Palavra de Deus: Este é um tempo de escuta mais atenta da Palavra: o homem não vive somente de pão, mas de toda Palavra saída da boca de Deus.

Portanto o jejum e abstinência na quarta-feira de Cinzas e sexta-feira Santa, assim como a abstinência nas sextas-feiras, continuam a vigorar na disciplina e espiritualidade da Quaresma. Orar é participar na oração de Cristo; o jejum e a esmola são formas de caridade porque a Quaresma é o tempo forte de atos de amor para com os irmãos, tanto os que estão perto, quanto aos que estão longe. Não há verdadeira conversão a Deus sem conversão ao amor fraterno (1Jo 4, 20). É um tempo que exprime-se no exercício das obras de caridade, no perdão, na oração, no jejum, principalmente, no jejum do pecado. A ascese quaresmal é um exercício adequado para redescobrir o caminho para ser discípulo de Jesus Cristo, porque a Ele não se conhece senão participando da sua vida.

“O progresso espiritual do cristão tende para uma união sempre mais íntima com Cristo. Deus nos chama a todos a esta íntima união com Ele, mesmo que graças especiais ou sinais extraordinários desta vida mística sejam concedidos a alguns, em vista de manifestar o dom gratuito feito a todos. O caminho da perfeição passa sempre pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a uma vida na paz e na alegria das bem- aventuranças.” (C.I.C. 2014-15)

Elton Souza da Silva – Consagrado da Comunidade Católica dom de Deus

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