Vocação: diálogo de amor entre Deus e o homem

“Todo chamado de Deus é uma história de amor única e irrepetível” (São João Paulo II).

Toda vocação é um dom gratuito de Deus, uma graça por meio da qual Deus manifesta o seu amor ao homem e o chama a participar desse projeto divino, no qual está contido o sentido da sua existência, a sua realização pessoal e consequentemente a sua felicidade. Sendo assim, a vocação é um diálogo entre Deus e o homem:  de um lado Deus, que cria, ama, escolhe e chama cada homem; e do outro o homem, que ouve, acolhe e responde ao chamado de Deus.

Partindo desse princípio, a vocação supõe essencialmente a liberdade, pois Deus ao criar o homem não o fez condicionado a responder esse chamado, mas o criou livre, para que o homem fosse capaz de dar resposta, tornando-se responsável por assumir com inteligência e vontade o plano de amor e salvação de Deus. Assim, em cada vocação há um relacionamento pessoal e direto de amor entre Deus e cada pessoa humana, no qual o Senhor mantém a plena liberdade com a qual fomos criados e, ao mesmo tempo, provoca positivamente uma resposta de cada homem e de cada mulher, em vista da felicidade a que somos destinados.

Comumente a vocação é entendida como talento ou habilidade para realizar algo, ou até mesmo com a escolha por uma profissão. Embora essas realidades possam conduzir à realização das capacidades humanas, o sentido de vocação é muito mais amplo; conduz o homem não somente a uma realização das suas capacidades e potências, mas à realização do seu próprio ser, da sua identidade e é por isso que dá significado à sua existência. É através dessa descoberta que o homem faz a experiência do amor, de um Deus que não o escolhe por suas habilidades e capacidades, mas o escolhe porque o ama e quer comunicar-lhe este amor, para que amando, o homem possa doar-se ao outro e ser testemunha do amor recebido de Deus. Portanto, a riqueza de um chamado não está nas habilidades e potencialidades humanas, mas na capacidade que este chamado nos dá de amar a Deus e ao outro, a cada dia, de um modo mais profundo e pleno.

Sendo a vocação a realização da identidade humana, toda pessoa é chamada a assumir uma vocação. Não é somente um chamado para alguns, mas para todos! Pois se não descobre a sua identidade, e consequentemente a sua vocação, o homem permanece um ser incompreensível, não consegue alcançar o sentido da sua existência. Por esse mesmo motivo é também um chamado pessoal e irrepetível pois cada pessoa é única, o que faz com que cada vocação seja um chamado singular, um ato de amor único de Deus, que designa a cada homem e a cada mulher uma vocação e uma missão únicas.

Toda vocação tem o seu ápice e sua plena realização na doação pelo bem do outro, pois vocação é um dom, recebido de Deus e assumido com gratidão pelo homem para ser testemunha do amor de Deus ao mundo. Portanto, deve ser colocado a serviço da Igreja e da humanidade, pois quando Deus nos chama deseja que sejamos outros Cristos, capazes de dar a vida por amor e para o amor. Como nos diz Santa Teresa, aquele que começa a seguir a Cristo verdadeiramente, o mínimo que pode é dar a própria vida. Nossa vida tem que ser uma total oferta para Deus, amá-lo sobre todas as coisas, de todo coração, de toda nossa alma, com toda nossa força. Por isso, Ele nos chama a ser todo Dele.

Por isso, uma vez vivendo e experimentando o amor de Deus, presente em cada chamado, a vocação não pode ser vivida como um peso, um fardo que priva o homem de tantas realidades e sonhos, mas deve ser vista sob a ótica do amor, que promove a verdadeira realização de cada pessoa. Nem tampouco ser tomada pelo medo de responder a vocação e perder a própria “vida”, pois a verdadeira vida está em Deus, e somente acolhendo o desígnio de Deus, manifestado em sua vocação pessoal, o homem será verdadeiramente feliz.

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